São Vicente: a ilha com a marca de Maria
A ilha de São Vicente é tributária de uma forte tradição mariana, ou seja, terra de devoção à Nossa Senhora da Luz, não fosse a primeira igreja construída na ilha a igreja de Nossa Senhora da Luz, hoje pró-catedral, com os seus 162 anos.
Sérgio Fruzoni, escritor ítalo-cabo-verdiano, eternizou a ligação do povo de São Vicente com Maria, através da célebre morna “Tempe de D`Canequinha”, onde canta que “um vez Sonsente era sabe”, “konde pe Nossa Senhora da Luz tinha um grande procissão”.
A Cidade do Mindelo nasceu em 1819, como aldeia de Nossa Senhora da Luz e cresceu “bambudo”, nas costas de Nossa Senhora, pois foi construída à volta da Igreja Paroquial.
Os poetas cantaram Maria em jeito de gratidão e devoção, sendo exemplo Lela de Maninha em São Vicente di longe. A “Serenata” em honra de Nossa Senhora da Luz, na véspera da festa da padroeira celebrada a 8 de Setembro, é um já um marco cultural da cidade que honra Maria..
Em São Vicente, Maria inspira e é alvo da devoção de poetas e músicos, fiéis católicos e de não crentes, que não faltam à serenata ou às procissões em honra da Mãe da Igreja. Nas casas não faltam imagens da Virgem.
Consta que nos anos 40 do século XX muitas mulheres pediam a Nossa Senhora uma filha, que ao nascer recebia o nome de Maria da Luz. Também muitas mães davam a Nossa Senhora as suas filhas como madrinha.
Antigamente, quando os emigrantes regressavam à terra natal, a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Luz era um dos primeiros lugares que visitavam, para rezarem junto à Imagem de Maria e acenderem uma vela. Traziam toalhas, velas, flores e/ou alguma quantia em dinheiro e regressavam à igreja para a despedida, antes do regresso à terra longe.
Aponta-se que a devoção levava senhoras a doarem os seus cabelos à Nossa Senhora, dai o cabelo da Imagem de Maria na Igreja de Nossa Senhora da Luz não ser sintético, mas natural.
Nita Santos
06/09/2025