Sínodo: Cabo Verde leva voz de «Igreja jovem», numa região «constantemente em crise», indica D. Ildo Fortes
«Os cabo-verdianos estão a passar um momento difícil», alerta bispo de Mindelo
Roma, 06 out 2023 (Ecclesia) – O bispo de Mindelo afirmou que a Igreja Católica em Cabo Verde está com “saúde”, e destaca o trabalho que em favor de uma região “constantemente em crise”.
“Tivemos o tempo de pandemia, tivemos quatro anos de seca severa, agora a guerra pelo mundo, mas sobretudo esta na Europa, na Ucrânia, que nos afeta diretamente. Podemos dizer que a nós não nos afetou tanto este momento de crise porque estamos constantemente em crise, mas se estava mal, estamos pior”, disse D. Ildo Fortes, à Agência ECCLESIA.
Em Roma, na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, o bispo da Diocese de Mindelo explica que Cabo Verde é um país que “vive sobretudo de ajudas exteriores”, não há água doce, e também “não chove”, por isso, os campos produzem pouco.
“Temos de importar grande parte daquilo que consumismo, a nível alimentar, e toda esta situação fez com haja uma inflação tremenda, nos transportes, os transportes aéreos, os cabo-verdianos estão a passar um momento difícil”, assinalou.
D. Ildo Fortes, que é também o presidente da Cáritas de Cabo Verde, assinala que a organização católica desenvolve “um trabalho muito focado nas famílias que vivem grande instabilidade, grande insegurança alimentar”, uma “preocupação” da instituição desde o âmbito nacional, diocesano e paroquial, “no terreno”.
Neste sentido, adianta que a Cáritas está sempre a “inventar maneiras” para ajudar as famílias “a não sucumbirem”, como encontrar projetos e pedir apoios à Europa, a diferentes organismos, à Fundação João Paulo II para o Sahel, que nasceu, a 22 de fevereiro de 1984, para ajudar as populações do Burkina Faso, Níger, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Gâmbia e Chade.
O bispo de Mindelo explica que o apoio internacional é “fundamental”, mas Cabo Verde está classificado “como país de desenvolvimento médio”, por isso, já “não é contemplado” pelas “grandes organizações que apoiam os países do terceiro mundo e os países pobres”.
Segundo D. Ildo Fortes, as ajudas também são canalizadas para o Estado e “é muito difícil” a Igreja conseguir esses apoios, e fez “um apelo, a quem está vocacionado, para trabalhar com os pobres”: “Precisamos de apoio. Os pobres continuam pobres e nós temos vocação de trabalhar com os mais pobres”.
Segundo o presidente da Cáritas de Cabo Verde, a organização solidária, com mais de 40 anos, “faz um trabalho louvável”, o país africano tem “uma diáspora grande”, pelo mundo inteiro, e “o seu esforço” também tem sido ajudar na América do Norte, na Europa, onde são “cerca de 340 mil”, e ver se esta diáspora “consegue estar sensível aos irmãos que ficaram”.
D. Ildo Fortes destacou também que estão a preparar um “acontecimento grande para as duas dioceses” do país lusófono, o “grande jubileu” dos 500 anos da Diocese de Santiago de Cabo Verde.
Fonte: Agência Eclesia